sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Jornalismo

Dois séculos de imprensa no Brasil

FONTE: Roberto Seabra, in Imprensa e Poder. Brasília: Editora UnB, 2002


Pontos:

Primórdios do jornalismo no Brasil;
Tipos de Jornalismos.

Primórdios:


Revolução Francesa: Nos dizeres de Ciro Marcondes, o jornalismo é filho legítimo da Revolução Francesa, mas se consolidou na forma que conhecemos hoje no século XIX, especialmente na Inglaterra, França e Estados Unidos.

Brasil: No Brasil a imprensa tem como sua principal característica o seu surgimento tardio, justificado pela ausência de burguesia e capitalismo, praticamente, até o final do século XIX (um atraso de mais de 200 anos em relação a outros países americanos, como EUA e México). O surgimento da imprensa brasileira é decorrente da vinda da família real portuguesa, em 1808. Sendo que o primeiro jornal do país, o Correio Braziliense, era editado na Inglaterra e proibido de circular em território nacional. O segundo jornal brasileiro, A Gazeta do Rio de Janeiro era uma espécie de Diário Oficial da Coroa Portuguesa.
Estilos: Segundo Sebastião Breguez, o estilo jornalístico nacional, desde o seu surgimento até hoje pode ser dividido em três fases: jornalismo ideológico e opinativo, jornalismo informativo e jornalismo interpretativo. A divisão, no entanto, parece simplista e até controvérsia, uma vez que não contemplam todas a nuances da questão, conforme mostra o autor deste texto a seguir.


Tipos de Jornalismo

Fases do desenvolvimento do jornalismo no Brasil: o autor propõe cinco fases como categorias de análise.

1) Jornalismo literário: que vai do surgimento da imprensa no Brasil até o final do século XIX.
2) Jornalismo informativo estético: que compreende o período de transição entre o fim do século XIX e o fim da 1a Guerra Mundial.
3) Jornalismo informativo utilitário: que abrange todo o período do entreguerras e se estende pelas décadas de 50 e 60.
4) Jornalismo interpretativo: fase que corresponde ao período que vai dos anos 70 até a última década do século.
5) Jornalismo plural: modelo atual, que começa a substituir o paradigma anterior.


Jornalismo literário

Pode-se dizer que essas duas carreiras cresceram juntas na imprensa e uma influenciou a outra.
Segundo Juarez Bahia, o fato político é anterior ao fato literário no jornalismo brasileiro, mas a sua técnica se aperfeiçoa e se desenvolve à medida que os jornais conciliam a natureza política com a natureza reflexiva que a Expressão literária fornece.
Juarez Bahia deixa claro, no entanto, que o jornalismo opinativo e ideológico é fruto de um momento histórico em que a imprensa ainda não era vista como empresa capitalista. Essa fase, de acordo com Cremilda Medina, antecede o surgimento da empresa jornalística no Brasil, o que se dá somente no final do século XIX.


Jornalismo informativo estético

Esta segunda fase do jornalismo começa a se definir  por volta de 1880, período marcado por um “surto industrial”, com novos investimentos em jornais, atualização do maquinário gráfico e investimentos na compra de papel.
Aqui a informação começa a ser vista como um produto e os acontecimentos políticos, econômicos e sociais passam a ocupar espaços antes preenchidos pelos meros debates. Os veículos passam a ser portadores dos interesses da classe produtora e das camadas médias. É o fim da imprensa artesanal.
A primeira etapa do jornalismo informativo começa ser definida na virada do século XX e vai ganhar forma durante a 1a Guerra Mundial. João do rio foi o grande inovador do jornalismo carioca do início do século XX.
Até o final do século XIX, a imprensa nacional se guiava por parâmetros do que era feito na Europa (especialmente Portugal, França e Inglaterra). A partir do início do século XX, é possível notar uma aproximação entre o jornalismo brasileiro e o norte-americano.
Cabe ressaltar, no entanto, que a experiência norte-americana é completamente diferente da brasileira. Enquanto no Brasil o jornalismo surge com atraso, nos EUA a imprensa aparece em 1638 e o modelo de colonização também era diverso do nosso.
Após a 1a Guerra, o modelo norte-americano começa a encontrar adeptos no Brasil. As relações comerciais e políticas, a influência das agências de informação, o intercâmbio cultural ente os dois países são fatores que influenciaram essa mudança.


Jornalismo informativo utilitário


A fase do estilo do jornalismo informativo utilitário corresponde a todo um período de afirmação da imprensa brasileira.
O período do entreguerras é marcado por uma série de acontecimentos que aceleram o desenvolvimento do jornalismo informativo, deixando para trás o jornalismo literário.
O primeiro fato novo é o surgimento do rádio. Em 1923 começa a operar a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (depois rádio Ministério da Educação e Cultura).
Se até o início do século XX a imprensa detinha a exclusividade da função informativa mediática, a partir da década de 1920 teve que começar a dividir esse espaço com a difusão sonora.
Outro fator foi o surgimento da revista ilustrada brasileira, O Cruzeiro, de 1928.
Esses dois fatores forçaram a imprensa a se modernizar: adotar o uso de imagens (fotografias e ilustrações) e a buscar novo padrão visual que pudesse agregar algo mais que o fato, a notícia e a informação. Não basta mais apenas divulgar a informação, é preciso envolve-las em um novo material, em algo que concorra com a “velocidade” do rádio.
A embalagem dos jornais, revistas e livros com uma diagramação que equilibra grandes massas e grandes claros, com coordenação de retângulos, poucos ornamentos, grandes fotos só será abalada nos anos 80, com a recessão que obriga as empresas jornalísticas a economizarem papel.
A televisão, instalada comercialmente no fim da década de 1950, também virá a acrescentar novos dilemas ao rápido processo que vinha transformando a imprensa escrita numa mídia cada vez mais distante daquele paradigma literário.
A década de 1950 é o verdadeiro marco que separa aquilo que os autores como Habermas chamariam de fase do “jornalismo literário” e a entrada dos quadros do chamado “jornalismo empresarial”.


Jornalismo interpretativo


A Durante as décadas de 1960 e 1970 coexistem na imprensa brasileira dos estilos jornalísticos. A ditadura do “lead”, que ainda impera até hoje nas redações. Mas a concorrência com o rádio e a TV levou os jornais a repensar a prática e abrir espaços para novos estilos. Algumas empresas investiram nas revistas de reportagem, espaços em que são permitidos textos mais flexíveis e interpretativos.
O acontecimento da TV como medium noticioso importante e principal concorrente dos jornais, o que vai se consolidar na década de 1960,  provoca uma profunda mudança no estilo jornalístico e vai reconfigurar o modelo de leitor.
O momento do jornalismo interpretativo é, no segundo momento, a retomada do jornalismo investigativo. Durante o regime militar de 1964 o jornalismo investigativo irá praticamente desaparecer.
O jornalismo interpretativo significou, além do fim da ditadura do lead, a valorização da reportagem e de uma elite de repórteres especiais, o que permitiu retomar os velhos estilos literários, com narrativas e elaboração de textos mais ousados e criativos.
Do ponto de vista  gráfico, o novo jornalismo também lança mão de recursos visuais ( gráficos, infografias e ilustrações). A idéia é que o jornal impresso é uma espécie de TV de papel.


Jornalismo plural


A maioria dos estudos sobre o jornalismo brasileiro pára na fase do jornalismo interpretativo, mas o autor defende aqui um novo estilo: o jornalismo plural. Segundo ele, se até á década de 1980 era possível visualizar os estilos predominantes, hoje vivemos um momento de multiplicidade de “escolas”, novas ou revisadas, o que é denominado por ele como jornalismo plural.
O jornalismo plural, então, não seria um estilo, mas um modelo em que cabem diversos estilos. Ele seria resultado de uma nova realidade dos meios de comunicação, em que a informatização das informações e o surgimento da internet alteram profundamente o conceito de notícia.
Para Anthony Smith, a informatização da imprensa é uma terceira revolução nas comunicações. A primeira teria sido causada pelo surgimento da escrita, a segunda pela imprensa de Gutenberg.
Já Wilson Dizard afirma que a convergência tecnológica e as transformações nas tecnologias da mídia de massa são a terceira grande mudança nas comunicações. A primeira aconteceu em meados do século XIX (período do jornalismo literário), com a introdução das impressoras a vapor e o papel jornal de baixo custo. A segunda ocorreu no início do século XX, com a introdução do rádio, em 1920, e da televisão, em 1939 (jornalismo informativo).
Essa terceira mudança permitiu a produção, armazenamento e distribuição da informação e entretenimento estruturados em computadores. Assim, é possível imaginar no jornalismo plural que as novas tecnologias mudaram o eixo do controle da informação. Vulgariza-se entre os jornalistas a idéia de que cada um pode ter o seu próprio jornal.
Isso parece um ledo engano, pois vivemos um modelo plural, mas, nem por isso, democrático e, muito menos, igualitário. Conforme Michel Mattelart a rede também serve para “fazer esquecer uma sociedade profundamente segregada e para dela propor uma visão harmônica”.










Princípios do bom jornalismo


1. A primeira obrigação do jornalismo é com a verdade
2. A primeira lealdade do jornalismo é com o cidadão
3. A essência do jornalismo é a disciplina da verificação
4. Os jornalistas devem manter independência daqueles a quem cobrem
5. O jornalismo deve funcionar como monitor independente do poder
6. O jornalismo deve apresentar um fórum para a crítica pública e o público
7. O jornalismo deve lutar para transformar o fato significante em interessante e relevante
8. O jornalismo deve manter as notícias compreensíveis e equilibradas
9. Os jornalistas devem ter liberdade para exercer sua consciência pessoal 








O jargão jornalístico


Para entender a linguagem jornalística, é bom conhecer alguns termos usados no dia-a-dia das redações.

Artigo - Texto que traz a opinião e a interpretação do autor sobre um fato. Geralmente é assinado e não reflete necessariamente a opinião da publicação.

Editorial - É a opinião da empresa que publica o periódico sobre temas relevantes. Não é assinado.

Entrevista - Contato pessoal entre o repórter e uma ou mais pessoas (fontes) para coleta de informações. Também designa um tipo de matéria jornalística redigida sob a forma de perguntas e respostas (também conhecida como pingue-pongue).

Legenda - Texto breve colocado ao lado, abaixo ou dentro de foto ou ilustração, que acrescenta informações à imagem.

Lide - Abertura de um texto jornalístico. Pode apresentar sucintamente o assunto, destacar o fato principal ou criar um clima para atrair o leitor para o texto. O tradicional responde a seis questões básicas: o quê, quem, quando, onde, como e por quê.

Manchete - Pode ser tanto o título principal, em letras grandes, no alto da primeira página de um jornal, indicando o fato jornalístico de maior importância entre as notícias contidas na edição, ou o título de maior destaque no alto de cada página.

Nota - Pequena notícia.

Notícia - Relato de fatos atuais, de interesse e de importância para a comunidade e para o público leitor.

Pauta - Agenda ou roteiro dos principais assuntos a ser noticiados numa publicação jornalística.

Reportagem - Conjunto de providências necessárias à confecção de uma notícia jornalística: pesquisa, cobertura de eventos, apuração, seleção dos dados, interpretação e tratamento.
Verbetes adaptados do Dicionário de Comunicação, de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa, Ed. Ática





 

 

 

 

NOTÍCIA


 

Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se por uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a transmite. Deve ter o predomínio da função referencial da linguagem. Há predominância da narração.  Por ser  impessoal, o discurso  é de terceira pessoa. Em  sua estrutura padrão,  possui duas característica fundamentais: “ Lead” e corpo.
 “Lead” consiste num parágrafo que apresenta um relato sucinto dos aspectos essenciais da notícia, cujo objetivo é dar informações básicas ao leitor e motivá-lo a continuar a leitura. Precisa, normalmente, responder às questões fundamentais do jornalismo: o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Corpo  são os demais parágrafos da notícia, nos quais se apresentam o detalhamento do exposto no “lead”, fornecendo ao leitor novas informações em ordem cronológica ou de importância.


  




Como a imprensa brasileira noticiaria hoje
a história de Chapeuzinho Vermelho?


Jornal Nacional
Willian Bonner: "Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...".
Fátima Bernardes: "...mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia.".


Fantástico
Glória Maria: "...que gracinha, gente. Vocês não, não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo? Bárbaro!"


Brasil Urgente
Datena: "...onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades?! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! Isso é uma piada!! Esses políticos são uns brincalhões! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Isso é um tapa na cara da sociedade brasileira. Põe na tela! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não."


Veja
"PT envolvido no escândalo do Lobo."


Cláudia
"Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho".


NOVA
"Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama."


Marie Claire
"Na cama com o lobo e a vovó."


Folha de São Paulo
Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.


O Estado de São Paulo
"Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT."


Zero hora
"Avó de Chapeuzinho nasceu no RS."


Agora
"Sangue e tragédia na casa da vovó."


Caras
Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte: "Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a Caras: Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa."


Playboy
Ensaio fotográfico no mês seguinte: "Veja o que só o lobo viu."


ISTOÉ
"Gravações revelam que lobo foi assessor de influente político."


G Magazine
Ensaio fotográfico com lenhador: "Lenhador mostra o machado."


FOLHA DIRIGIDA
"Concurso para lenhador leva candidato à comilança."








Notícias do fim do mundo

The New York Times
O MUNDO VAI ACABAR

O Globo
GOVERNO ANUNCIA O FIM DO MUNDO

Jornal do Brasil
FIM DO MUNDO ESPALHA TERROR NA ZONA SUL

O Dia
FIM DO MUNDO PREJUDICA SERVIDORES

Folha de São Paulo
SAIBA COMO SERÁ O FIM DO MUNDO(ao lado de um imenso infográfico)

O Estado de São Paulo
CUT E PT ENVOLVIDOS NO FIM DO MUNDO

Zero Hora
RIO GRANDE VAI ACABAR

A Notícia
PSICOPATA MATA A MÃE, DEGOLA O PAI, ESTUPRA A IRMÃ E FUZILA O IRMÃO AO SABER QUE O MUNDO VAI ACABAR!

Tribuna de Alagoas
DELEGADO AFIRMA QUE FIM DO MUNDO SERÁ CRIME PASSIONAL

Estado de Minas
SERÁ QUE O MUNDO ACABA MESMO?

Jornal do Commercio
JUROS FINALMENTE CAEM!

Jornal dos Sports
NEM O FIM DO MUNDO SEGURA O MENGÃO!

Correio Braziliense
CONGRESSO VOTA CONSTITUCIONALIDADE DO FIM DO MUNDO

Notícias Populares
O MUNDO SIFU, ACABOU-SE TUDO!

Revistas: Veja
EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM DEUS
- Por que o apocalipse demorou tanto
- Especialistas indicam como encarar o fim do mundo
- Paulo Coelho: "O profeta viu o fim do mundo e chorou"

Nova
O MELHOR DO SEXO NO FIM DO MUNDO

Querida
TESTE: SEU NAMORO VAI ACABAR ANTES DO FIM DO MUNDO?

Playboy
NOVA LOIRA DO TCHAN: UM APOCALIPSE DE SENSUALIDADE!

Info Exame
100 DICAS DE COMO APROVEITAR O WINDOWS THE END!

Época
ATÉ O FIM DO MUNDO A SUA REVISTA "ÉPOCA" ESTARÁ CUSTANDO R$2,80

Guia de Programação Net
EXCLUSIVO: O FIM DO MUNDO NA GNT FORMA E BELEZA
Tenha um END light. Leia aqui, como!

E finalmente, no boletim NEWS MICROSOFT
WINDOWS 99 FOR GHOSTS







Produção textual: Notícia



Proposta 1: a  partir destes textos os alunos produzirão notícias relacionadas à morte da personagem Cigarra e a boa ação da Formiga Boa.


A cigarra e as formigas

No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra faminta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?” A cigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente”. E as formigas, rindo, disseram: “Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno.”
(Esopo)

A Formiga Boa
[...]
- E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse.
- Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... – exclamou a formiga recordando-se.
- Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: “Que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora!” Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
(Monteiro Lobato)

A Formiga Má
[...]
A formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
- Que fazia você durante o bem tempo?
- Eu.. eu cantava!...
- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! E fechou-lhe a porta no nariz: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse, quem daria falta dela?
Os artistas, poetas, pintores e músicos são as cigarras da humanidade.
(Monteiro Lobato)









           Proposta 2: os alunos produzirão notícias a partir da história de Chapeuzinho Vermelho.







Ponto de vista


Como o falante pode tirar proveito dos recursos que a língua oferece: o ponto de vista do falante determina suas escolhas lexicais e o emprego dos adjetivos (jovem, caso o torcedor fosse rubro-negro ou tricolor, mas delinqüente, caso fosse vascaíno; cão feroz ou simplesmente cachorro, no primeiro caso, e cão inofensivo, no segundo):



A MORTE DO PIT BULL

Dois adolescentes estavam a caminho de casa, depois do colégio, quando um deles foi atacado por um pitbull muito feroz. O outro pegou um pedaço de pau e bateu no cachorro pra salvar o amigo.
Então parou um repórter e disse:
— Nossa, essa matéria eu não posso perder! E já sei o que eu vou escrever! “Jovem rubro-negro enfrenta cão feroz pra salvar seu inocente amigo!”.
Então o jovem disse:
— Eu não sou flamenguista!
Aí o repórter começou:
— “Jovem tricolor enfrenta cachorro pra salvar o amigo!”.
Mas o rapaz insiste:
— Eu não sou tricolor!
E o repórter, já nervoso, pergunta:
— O que você é então?
O garoto diz:
— Eu sou Vasco!
No outro dia, saiu assim na coluna do jornalista, rubro-negro fanático:
— Delinqüente vascaíno assassina cão inofensivo!
Fonte: Pimentel, 2006

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