domingo, 14 de novembro de 2010

Pontuação

Funções dos sinais de pontuação

Leia:   SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.


Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.

Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM

São três as principais funções dos sinais de pontuação:

1 – assinalar as pausas e a entoação na leitura oral;
2 – separar orações, expressões e palavras que devem vir destacadas das outras na frase;
3 – ajudar na compreensão do sentido da frase, evitando o duplo sentido, a ambigüidade.





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Como surgiram os principais sinais de pontuação?


 Surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453). Mas sua função era diferente das atuais. O que hoje é o ponto final servia para separar uma palavra da outra. Os espaços brancos entre palavras só apareceram no século VII, na Europa. Foi quando o ponto passou a finalizar a frase. O ponto de interrogação é uma invenção italiana, do século XIV. O de exclamação surgiu no século XIV. Os gráficos italianos também inventaram a vírgula e o ponto-e-vírgula no século XV (este último era usado pelos antigos gregos, muito antes disso, como sinal de interrogação). Os dois pontos surgiram no século XVI. O mais tardio foi a aspa, que surgiu no século XVII.

(Revista superinteressante, junho 2007)

 

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A importância da pontuação I


Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:'Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.'Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.



Moral da estória:Assim é a vida. Pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é quem colocamos os pontos e sendo justos ou não com quem compartilhamos, isso faz uma grande diferença.

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PONTUANDO

Ponto Final

Sabe quando você era mais jovem, você queria sair para as baladas e tinha que pedir para o papai e à mamãe? Então, tinha dia que você não conseguia, tentava argumentar com os coroas e eles estavam irredutíveis... e seu pai dizia:

- Não Joãozinho (Joaninha), você não vai sair hoje e ponto final.

Com essa célebre frase não dá mais para esquecer quando usar o ponto final, ele sempre vai no final de frases declarativas ou imperativas. Também usado em abreviações.


Ponto de Interrogação

Ainda na situação de baladinha quando se é mais jovem, como se deve pedir para os pais para sair? seria algo do tipo:

- Paiê, tipo assim, o pessoal vai sair, mas não vai voltar tarde, ou não, e eu quero ir, posso?

Um pedido meio furado, mas o importante aqui é você reparar na interrogação do finalzinho da frase, que é sempre utilizado no fim de uma palavra, oração ou frase, indicando uma pergunta direta, não sendo usado em perguntas indiretas.


Ponto de Exclamação

Você tentou pedir para sair e voltar tarde em um dia que seu pai não está de bom humor, qual é a resposta?

- Lógico que não! Você não vai sair essa noite.

Ou seja... o ponto de exclamação é usado no final de frases exclamativas, depois de interjeições ou locuções.


Vírgula

Tem professor que diz que serve para respirar, mas não é bem assim. Eu garanto para vocês que um asmático não escreve um texto com mais vírgulas que um atleta.
Olha quantas vírgulas você usa quando seu pai vai explicar os porquês de você não poder sair de noitão:

- Filho(a), eu prefiro que você fique em casa, é perigoso, aqui, em São Paulo, as pessoas são muito estressadas, e além disso, você pode ficar em casa e dormir cedo para crescer mais rápido.

Depois de uma declaração dessas você ficaria em casa na boa, não é? Enfim, perceba as vírgulas na frase, no geral, a vírgula marca uma pausa de curta duração e serve para separar os termos de uma oração ou orações de um período. A ordem normal dos termos na frase é: sujeito, verbo, complemento (eu quero sair = sujeito + verbo + complemento). Quando temos uma frase nessa ordem, não separamos seus termos imediatos. No geral, ela separa:
·         o nome de localidades das datas;
·         vocativo;
·         aposto;
·         expressões explicativas ou retificativas, tais como: isto é, aliás, além, por exemplo, além disso, então;
·         orações coordenadas assindéticas;
·         coordenadas sindéticas, desde que não sejam iniciadas por e, ou e nem;
·         orações adjetivas explicativas;
·         o adjunto adverbial.


Ponto e Vírgula

Se você fosse escrever para os seus pais os motivos que eles devem deixar você sair, provavelmente usaria o ponto e vírgula, assim:

Pai, eu acho que você deve deixar eu sair com meus amigos por vários motivos, tais como:
·         eu já sou grandinho;
·         sou responsável e você deveria mostrar mais confiança em mim;
·         mereço fazer os programas que os meus amiguinhos também fazem;
·         voltarei cedo (para o café da manhã);
·         etc.
·         Tá vendo, quem pai recusaria esse pedido?

            Bom, mas perceba a pontuação, o ponto e vírgula indica uma pausa mais longa que a vírgula, porém mais breve que o ponto final. Emprega-se nos seguintes casos:
·         para itens de uma enumeração;
·         para aumentar a pausa antes das conjunções adversativas – mas, porém, contudo, todavia – e substituir a vírgula.


Dois Pontos

Você não pode sair, seus pais foram muito rígidos e fizeram você ficar em casa, no dia seguinte você vai contar o seu fracasso para um amigo:

- Manézinho, eu pedi para sair e eles não deixaram, olha o que o meu pai disse: "Lógico que não! Você não vai sair essa noite."

Viu os dois pontos do exemplo? eles são empregados nos seguintes casos:
·         para iniciar uma enumeração;
·         antes de uma citação;
·         para iniciar a fala de uma pessoa, personagem;
·         para indicar esclarecimento, um resultado ou resumo do que já foi dito.


Travessão

Não, não é o travessão em que se faz gol, esse daqui serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Perceba o uso:

- Pai, posso sair essa noite?
- Não!
- Deixa, vai... vai ser divertido - disse o jovem desesperado - deixa, vai...

O travessão é constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Também podem se usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase.


Reticências

O pai diz que não para o filho, e vai comunicar a mãe sua decisão:

- Resolvi não deixar ele ir...

Viram? As reticências indicam uma interrupção ou suspensão na seqüência normal da frase. São geralmente usadas para indicar:
·         suspensão ou interrupção do pensamento;
·         hesitações comuns na língua falada;
·         movimento ou continuação de um fato;
·         dúvida ou surpresa na fala da pessoa.


Aspas

Sua mãe vê que você ficou amuado e vai conversar com você, você, muito bravo, diz a frase que mais te chateou:

- Mão, tô triste, eu mal me expliquei e ele disse "Lógico que não! Você não vai sair essa noite.".

Triste, não? Mas olha as aspas... Elas são usadas nos seguintes casos:
·         na representação de nomes de livros e legendas;
·         nas citações ou transcrições;
·         destacar palavras que representem estrangeirismo, vulgarismo, ironia.
·         Parênteses
·         São usados nos seguintes casos:
·         na separação de qualquer indicação de ordem explicativa;
·         na separação de um comentário ou reflexão;
·         para separar indicações bibliográficas.

No fim da história você não conseguiu sair de baladinha (mas pelo menos tentou), o jeito foi ir dormir e esquecer.


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Ai ,Gramática, Ai, Vida

(...)
Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo. Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográficos,. Podemos acompanhar a vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as diferentes etapas por sinais de pontuação.
Querem ver? Olhem a biografia.


INFÂNCIA: UMA PERMANENTE EXCLAMAÇÃO

Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro, quem não chora não mama! Me dá! É meu!
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva!
(...)

A PUBERDADE; A TRAVESSIA (OU O TRAVESSÃO)

(...)
_ O que eu acho, Jorge _ não sei se tu também achas _ o que eu acho _porque a gente sempre acha muitas coisas _ o que eu acho _ não sei _ tu és irmão dela _ mas o que estive pensando _ pode ser bobagem _ mas será que não é de a gente falar _ não, de eu falar com a Alice _
_ Alice tu sabes _ tu me conheces _ a gente se dá _ a gente conversa _ tudo isto Alice _ tanto tempo _ eu queria te dizer Alice _ é difícil _ a gente _ eu não sei falar direito.


JUVENTUDE – A INTERROGAÇÃO

Mas quem é que eu sou afinal? E o que é que eu quero? E o que é que vai ser de mim? E Deus, existe? E Deus cuida da gente? E o anjo da guarda, existe? E o diabo? E por que é que a gente se sente tão mal?
(...)
mas por que é que tem pobres e ricos? Por que é que uns têm tudo e outros não têm nada? Por que é que uns têm auto e outros andam a pé? Por que é que uns vão viajar e outros ficam trabalhando?


AS PAUSAS RECEOSAS
(RECEOSAS, VÍRGULA, CAUTELOSAS) DO JOVEM ADULTO

Estamos, meus colegas, todos nós, hoje, aqui, nesta festa de formatura, nesta festa, que, meus colegas, é não só nossa, colegas, mas também, colegas, de nossos pais, de nossos irmãos, de nossas noivas, enfim. De todos quantos, nas jornadas, penosas, embora, mas confiantes sempre, nos acompanharam, estamos, colegas, cônscios de nosso dever, para com a família, para com a comunidade, para com esta Faculdade, tão jovem, tão batalhadora, mas ao mesmo tempo tão, colegas, tão.
(...)


O HOMEM MADURO. NO PONTO

Uma cambada de ladrões. Tem de matar. Matar.
Pena de morte.
O Jorge também. Cunhado também. Tem de matar. Esquadrão da morte. E ponto final.
No meu filho mando eu. E filho meu estuda o que eu quero. Sai com quem eu quero. Lê o que eu quero. Freqüenta os clubes que eu mando.
Tu ouviste bem, Alice. Não quero discutir mais este assunto. E ponto final.
(...)


(UM PARÊNTESE)

(Está bem, Luana, eu pago, só não faz escândalo) ]


O FINAL ... RETICENTE ...

Sim, o tempo passou... E eu estou feliz... Foi uma vida bem vivida, esta...
Aprendi tanta coisa...
Mas das coisas que aprendi... A que mais me dá alegria... É que hoje eu sei tudo... Sobre pontuação.

(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar e outras crônicas. Porto Alegre. 1995. p.88-91)



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QUESTÃO DE PONTUAÇÃO
João Cabral de Melo Neto


Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);

viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):

o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.



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Capítulo LV - O Velho Diálogo de Adão e Eva
Brás Cubas
. . . . . ?
Virgília
. . . . . .
Brás Cubas
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Virgília
. . . . . . !
Brás Cubas
. . . . . . .
Virgília
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . ? . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Brás Cubas
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Virgília
. . . . . . .
Brás Cubas
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . ! . . . . . .
. . ! . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . !
Virgília
. . . . . . . . . . . . . . . . . ?
Brás Cubas
. . . . . . . !
Virgília
. . . . . . . !
Assis, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas.



1. No texto duas personagens dialogam entre si e o conteúdo da conversa é sugerido por  linhas pontilhadas e por sinais de pontuação. Brás Cubas fala e Virgília responde. Observe os sinais de pontuação empregados, o tamanho das linhas pontilhadas e levante hipóteses:
a) O que possivelmente Brás Cubas disse a Virgília em sua primeira fala?
b) O que sugere o tamanho da 2ª fala de Brás Cubas?
c) Compare as duas primeiras respostas de Virgília. Que diferença de sentido existe entre elas?
d) Por que, possivelmente, se empregou o ponto de exclamação apenas na 2ª resposta de Virgília?

2. Os pontos de interrogação e de exclamação se alternam no texto, ora se apresentando na fala de uma, ora na fala de outra personagem. Na última fala de cada uma, entretanto, há uma coincidência quanto ao tamanho da linha pontilhada e quanto ao sinal de pontuação empregado.
a) O que a alternância desses sinais de pontuação sugere quanto às ideias ou pontos de vista das personagens?
b) o que a coincidência entre as duas últimas falas sugere?

3. O título do texto é “O velho diálogo de Adão e Eva”. O que esse título sugere em relação ao tipo de diálogo ocorrido entre Brás Cubas e Virgília. Por quê?

4. Reescreva o texto de Machado de Assis, substituindo as linhas pontilhadas por frases que tenham o mesmo sentido que você depreendeu do diálogo original. Terminando-o, leia-o para os colegas, comparando as produções.


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Exercícios

1. Leia a frase e pontue, como no exemplo abaixo:

Exemplo:  João toma banho e sua Mãe diz ele quero banho frio.
Solução: João toma banho e sua. “Mãe”, diz ele, “quero banho frio”. 

A chave é o vocábulo sua, aqui a 3ª pessoa do presente do verbo suar (e não o pronome possessivo).


a) “Um navio holandês entrava no porto um navio inglês.” 


b) “Voar da Europa à América uma andorinha só não faz verão.”


c) “Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro.” 


d) “Três belas que belas são
Querem que por minha fé
Eu diga qual delas é
Que adora o meu coração
Se consultar a razão
Digo que amo Soledade
Não Lia cuja bondade
Ser humano não teria
Não aspiro à mão de Iria
Que não tem pouca beldade.”



Pontuação: charadas resolvidas


 
1) Um navio holandês entrava no porto um navio inglês — Essa frase não deve ser pontuada; entrava não é do verbo entrar, mas sim o presente do indicativo de entravar. Seria algo assim como “Um navio holandês atrapalha no porto um navio inglês”. Se quiseres, podes colocar “no porto” entre vírgulas, por se tratar de um adjunto adverbial deslocado, ou deixá-lo assim mesmo, devido à sua pequena extensão.
2) Voar da Europa à América uma andorinha só não faz, verão — Novamente uma charada que se baseia no equívoco entre duas formas homógrafas: verão é a 3ª pessoa do plural do Presente do Indicativo de ver; nosso ouvido, no entanto, é sugestionado pelo velho provérbio “Uma andorinha só não faz verão”.
3) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe; do fazendeiro era também o pai do bezerro — Essa é de Almanaque do Biotônico. O fazendeiro tinha um bezerro e a mãe [do bezerro — entenda-se: Dona Vaca]; o pai do bezerro [o touro] era também do fazendeiro. A construção é caprichosa, mas vale a intenção. 
4) a charada das três irmãs
Veja como o namorado indeciso entre as três belas irmãs pontua seu poema de quatro maneiras diferentes: 

a) O poeta confessa seu amor por Soledade:
Se consultar a razão,
digo que amo SOLEDADE.
Não Lia, cuja bondade
ser humano não teria.
Não aspiro à mão de Iria, 
que não tem pouca beldade.

b) O poeta confessa seu amor por Iria:
Se consultar a razão,
digo que amo Soledade?
Não! Lia, cuja bondade
ser humano não teria?
Não! Aspiro à mão de IRIA, 
que não tem pouca beldade.

c) O poeta confessa seu amor por Lia
Se consultar a razão,
digo que amo Soledade?
Não! LIA, cuja bondade
ser humano não teria.
Não aspiro à mão de Iria, 
que não tem pouca beldade.

d) O poeta está hesitante entre as três: 
Se consultar a razão,
digo que amo Soledade?
Não Lia, cuja bondade
ser humano não teria?
Não aspiro à mão de Iria, 
que não tem pouca beldade?
Adaptado do site "Sua Língua" professor Cláudio Moreno








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