domingo, 2 de janeiro de 2011

Conto 1

O Conto

O conto é um texto curto que pertence ao grupo dos gêneros narrativos ficcionais. Caracteriza-se por se condensado, isto é, por apresentar poucas personagens, poucas ações e tempo e espaço reduzidos.
Nos gêneros narrativos, a sequência de fatos que mantêm entre si uma relação de causa e efeito constitui o enredo. O enredo do conto tradicional estrutura-se com base nas seguintes partes:
Introdução (ou apresentação): geralmente coincide com o começo da história; é o momento em que o narrador apresenta os fatos iniciais, as personagens e, às vezes, o tempo e o espaço.
Complicação (ou desenvolvimento): é a parte do enredo em que é desenvolvido o conflito, isto é, qualquer elemento da história que se opõe a outro, criando um tensão que organiza os fatos narrados e, consequentemente, prende a atenção do leitor ou do ouvinte.
Clímax: é o momento culminante da história, ou seja, aquele de maior tensão, no qual o conflito atinge o seu ponto máximo.
Desfecho (ou conclusão): é a solução do conflito, que pode ser surpreendente, trágica, cômica, etc., e corresponde ao  final da história.

Produção Textual: conto

Apresentamos a seguir o início de três contos de escritores brasileiros. Escolha um deles e dê continuidade à narrativa.
       
“O telefonema pegou-a de surpresa. Atendeu com impaciência, os olhos presos a um livro que tinha nas mãos, uma história policial que não conseguia parar de ler. Era bom estar sozinha, lendo um livro de suspense numa noite de ventania. O sábado já estava quase no fim e ela ali, presa àquelas paginas. O som do telefone era uma intromissão, um estorvo. Atendeu a contra gosto”. 
(Heloisa Seixas. Contos Mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001. P. 43)
“- Até que enfim chegou a minha vez, Camila.
Tatá reclamou com razão. Quase todo mundo já tinha respondido as perguntas do caderno da Camila. Ele esperou , esperou, esperou com paciência, com calma, com o canto dos olhos, com uma vontade doida de pegar aquele caderno espiral de capa ensebada de tanto passar de mão. Às vezes ficava com ligeira impressão de que Camila sabia dessa sua ansiedade – e, pior, sabia do motivo da ansiedade – e por isso negava silenciosamente o direito de Tatá registrar suas respostas no caderno dela.
-Até que enfim...”
(Edson Gabriel Garcia. Contos de amor novo. 3 ed. São Paulo: Atual, 1999. P. 50)
“Esse barulho todo é o Nilo chegando, jogou os livros e cadernos no sofá e gritou para a mãe que queria comer.
- Como se eu não soubesse! - Disse ela - Mas primeiro, ó: - e apontou para os livros no sofá - e depois ó: lavar as mãos.
- É para já! - Ele disse. Pegou os livros, levou-os para o quarto e voltou correndo. E enquanto enxugava as mãos se olhando no espelho gritou para a cozinha: - Mãe! Eu tenho uma novidade...”
(José J. Veiga. Torvelinho dia e noite. São Paulo: Difel, 1985. P. 11.)

“Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
- Siga-me! ...”
(Sérgio Porto)
“Noite escura no mato. Estrada de terra sem vivalma. O vento gemendo pelos galhos e as nuvens passando nervosas, querendo chover.
Um homem vem vindo lá longe. Devagarinho. Sem lua nem estrela para iluminar a viagem.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um pau de matar cobra.
Trovoada. Os pingos da chuva principiam a cair. O viajante aperta o passo. Na curva, dá com uma casa abandonada. Cai um raio de despedaçar árvore. A chuva aperta. Na porta da tapera tem uma cruz desenhada. O homem não quer saber de nada. Mete o pé na porta e entra.” (...)
(Ricardo Azevedo)

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