domingo, 2 de janeiro de 2011

Lições de gramática para quem gosta de Literatura 2




Meu professor de análise sintática

Meu professor de análise sintática era o tipo do
[sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular com um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto
[adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas
[expletivas,
conetivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

(paulo leminski)




Pense:

1. Por que o eu lírico tem a intenção de matar o professor de análise sintática (ou melhor, os professores de língua portuguesa)?
2. O que você pensa sobre  o ensino de língua portuguesa e sobre a importância (ou não) das regras de gramática.

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