domingo, 1 de maio de 2011

Conto 3


Conforme Machado de Assis, o conto “É um gênero difícil, a despeito da sua aparente facilidade”. Já Mário de Andrade lembra que “[...] em verdade, sempre será conto aquilo que seu autor batizou com o nome de conto” e Júlio Cortázar “[...] esse gênero de tão difícil definição, tão esquivo nos seus múltiplos e antagônicos aspectos.”  Ora, quando Cortázar estuda a obra de Alan Poe, define o  conto como “1) relato de um acontecimento; 2. Narração oral ou escrita de um acontecimento falso; 3. Fábula que se conta às crianças para diverti-las.”
Concordo com os autores, uma vez que a definição do conto é tênue. Conto, novela e crônica são gêneros muito próximos. Se alguns críticos literários definem “O alienista”, obra de Machado de Assis, como um conto, quem sou eu para dizer que é uma novela?
Mas algumas características são mais marcantes no conto, como por exemplo, o conflito e a extensão da narrativa. Se na crônica não há o conflito propriamente dito, no conto podemos identificá-lo; ambas as narrativas são breves. Na novela, há o conflito, assim como no conto, e centraliza-se em um personagem, mas a extensão da narrativa é intermediária entre o conto e o romance. Há quem os considere gênero menor, pela brevidade, mas exige do autor domínio da técnica para cativar o leitor.
O conto, portanto, é uma narrativa curta, centrado num só conflito e num só personagem, com uma linguagem enxuta e particular. O escritor de contos é um aracnídeo, que tece docemente as palavras, capaz de atrair sua presa, sem dó e sem piedade, aos “enredados” fios da narrativa. Pobre leitor, nunca mais será o mesmo.

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