terça-feira, 5 de junho de 2012

Exercícios Literários

Texto I

A Literatura é o retrato vivo da alma humana; é a presença do espírito na carne. Para quem, às vezes, se desespera, ela consola, mostrando que todo ser humano é igual, e que toda dor parece ser única; [...]
A moléstia é real, os sintomas são claros, a síndrome está completa: o homem continua cada vez mais incomunicável (porque deturpou o termo Comunicação), incompreendido e/ou incompreensível, porque voltou-se para dentro e se auto-analisa continuamente, mas não troca com os outros estas experiências individuais; está "desaprendendo" a falar, usando somente o linguajar básico, essencial e os gestos. Não lê, não se enriquece, não se transmite. Quem não lê, não escreve. Assim o homem do século XX, bicho de concha, criatura intransitiva, se enfurna dentro de si próprio, ilhando-se cada vez mais, minado pelas duas doenças do nosso tempp: individualismo e solidão.
(Ely Vieitez. Laboratório de literatura. São Paulo: Estrutural, 1978.)


Texto II

A literatura tem sido, ao longo da história, uma das formas mais importantes de que dispõe o homem, não só para o conhecimento do mundo, mas também para a expressão, criação e re-criação desse conhecimento. Lidando com o imaginário, trabalhando a emoção, a literatura satisfaz sua necessidade de ficção, de busca de prazer. Conhecimento e prazer fundem-se na literatura, e na arte em geral, impelindo o homem ao equilíbrio psicológico, e faz reunir as necessidades primordiais da humanidade: a aprendizagem da vida, a busca incessante, a grande aventura humana.
(Alice Vieira. O prazer do texto . São Paulo: E.P.U., 1978, p. XI.)

Texto III

A literatura não existe no vácuo. Os escritores, como tais, têm uma função social definida, exatamente proporcional à sua competência COMO ESCRITORES. Essa é a sua principal utilidade. Todas as demais são relativas e temporárias e só podem ser avaliadas de acordo com o ponto de vista particular de cada um. [...]
A linguagem é o principal meio de comunicação humana. Se o sistema nervoso de um animal não transmite sensações e estímulos, o animal se atrofia.
Se a literatura de uma nação entra em declínio, a nação se atrofia e decai.
(Ezra Pound. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1977, p. 36.)

Texto IV

[...] o processo de leitura apresenta-se como uma atividade que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de transformação cultural futura. E, por ser um instrumento de aquisição e transformação de conhecimento, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate à alienação (não racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade).
(Ezequiel T. da Silva. Leitura & realidade brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988, p. 22-23.)

Questões
1) Os quatro textos discutem o papel social da literatura e do escritor. De acordo com:
a) o texto I, de que forma a literatura pode contribuir no combate ao "individualismo e solidão"?

b) o texto II, quais são as duas necessidades humanas essenciais que a literatura atende?

c) o texto III, qual é a principal função social que um escritor pode ter?

d) o texto IV, por que a literatura é considerada um meio para combater a alienação e levar o homem a alcançar a liberdade?

2) Explique a semelhança de pontos de vista entre o texto I e a seguinte frase do texto II: "Conhecimento e prazer fundem-se na literatura, e na arte em geral, impelindo o homem ao equilíbrio psicológico".

3) Explique em que aspecto os textos II e IV se aproximam.

4) O Brasil é um país de milhões de analfabetos e mesmo os alfabetizados leem pouco. Os livros novos dos melhores escritores brasileiros raramente alcançam uma tiragem superior a dez mil exemplares. Confronte essas afirmações com o último parágrafo do texto III e explique as conseqüências da falta de leitura.

(CEREJA, William Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens:literatura, produçao de texto e gramática. 3a. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atual, 1999, pp. 32-36.)

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