quarta-feira, 30 de março de 2011

Reflexões sobre a linguagem



Interpretação de Texto
Instrução: As questões de números 01 a 05 tomam por base o seguinte fragmento do livro Reflexões sobre a linguagem, de Noam Chomsky (1928-):

Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, por exemplo, podem simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos e querer descobrir sua ordem e combinação, sua origem na história ou no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar a linguagem – e para mim, pessoalmente, a mais premente delas – é a possibilidade instigante de ver a linguagem como “um espelho do espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie. Uma língua humana é um sistema de notável complexidade. Chegar a conhecer uma língua humana seria um feito intelectual extraordinário para uma criatura não especificamente dotada para realizar esta tarefa. Uma criança normal adquire esse conhecimento expondo-se relativamente pouco e sem treinamento específico. Ela consegue, então, quase sem esforço, fazer uso de uma estrutura intrincada de regras específicas e princípios reguladores para transmitir seus pensamentos e sentimentos aos outros, provocando nestes ideias novas, percepções e juízos sutis.

(Noam Chomsky. Reflexões sobre a linguagem. Trad. Carlos Vogt. São Paulo:Editora Cultrix, 1980)

1-No início do fragmento, Chomsky afirma que há muitos motivos para estudar a linguagem e aponta alguns deles. Releia o fragmento e, a seguir, assinale a única alternativa que contém um objetivo de estudo da linguagem não mencionado pelo autor:

(A) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem no pensamento.

(B) descobrir os efeitos da utilização dos elementos da linguagem humana sobre os animais próximos ao homem.

(C) descobrir a ordem e combinação dos elementos da linguagem.

(D) identificar a origem dos elementos da linguagem na história.

(E) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem na ciência e na arte.

2-Lendo atentamente o fragmento apresentado, percebemos que Chomsky considera que os princípios abstratos e universais que regem a linguagem decorrem de características mentais da espécie.

Isso significa que considera a linguagem ligada

(A) ao plano da divindade.

(B) a acidentes históricos.

(C) a fenômenos aleatórios da natureza.

(D) ao plano biológico.

(E) à necessidade de sobrevivência.

3- No terceiro período do texto, o autor emprega três vezes o possessivo “sua”. Considerando que os possessivos apresentam nos textos uma função anafórica, ou seja, fazem referência a um termo oracional anterior, aponte a alternativa que indica o núcleo desse termo:

(A) elementos.

(B) linguagem.

(C) pessoas.

(D) ordem.

(E) ciência.

4-Chomsky usa para explicar seu ponto de vista uma expressão tradicional: a linguagem como “espelho do espírito”. O autor quer dizer, ao utilizar tal imagem,

(A) que a linguagem é o melhor meio de comunicação entre os homens.

(B) que o estudo da linguagem tem de se basear em fundamentos rigorosamente científicos.

(C) que descobrir como a linguagem funciona pode conduzir ao conhecimento de como o pensamento funciona.

(D) que a linguagem, como um espelho, pode revelar o espírito, mas não em sua totalidade.

(E) que o homem tem um modo de ser peculiaríssimo que não se revela pela linguagem.

5-Aponte a alternativa que apresenta, respectivamente, a as acepções utilizadas pelo autor no emprego das palavras “depreciar” e “questionar” em: “Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade.”

(A) desprezar – garantir.

(B) valorizar – desvalorizar.

(C) menosprezar – refutar.

(D) marginalizar – negar.

(E) desvalorizar – discutir

Fonte: UNESP / 13/06/2010 PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS

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