sábado, 7 de julho de 2012

Você sabe qual é a diferença entre chatear e encher?



Leia a crônica de Paulo Mendes Campos e responda às questões 1 e 2

Chatear e encher
Um amigo meu me ensina a diferença entre chatear e encher. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade. 
- Alô! Quer chamar por favor o Valdemar?

- Aqui não tem nenhum Valdemar.

Daí alguns minutos você liga de novo:

- O Valdemar, por obséquio.

- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.

- Mas não é o número tal?

- É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.

Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:

- Por favor, o Valdemar já chegou?

- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo do Valdemar nunca trabalhou aqui?

- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.

- Não chateia.

Daí a dez minutos, liga de novo.

- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?

O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.

Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:

- Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
(Para gostar de ler. Vol. 5. São Paulo: Ática, 1990.)


Questão 1

Na crônica são construídas relações envolvendo narrador e personagens. Sobre o assunto, assinale a afirmativa correta.

A) A fala – É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar. sinaliza o início da perda de paciência da pessoa que atende ao telefone.

B) Desde o início do texto, a pessoa que telefona mostra-se irritada com quem fala.

C) O uso do artigo o antes de Valdemar revela o distanciamento entre Valdemar e a pessoa que o procura.

D) O autor cria uma relação lúdica entre Valdemar e os funcionários do escritório.

E) A presença da datilógrafa é motivo para que o funcionário que atende ao telefone mantenha, durante a conversa, comportamento polido.

Questão 2

Sobre a linguagem utilizada por Paulo Mendes Campos, assinale a afirmativa correta.

A) A crescente irritação do funcionário que atende ao telefone é percebida pelos impropérios proferidos ao longo da conversa.

B) Os dêiticos aqui (linhas 4, 7, 9, 12 e 19) e aí (linha 13) são entendidos pelo leitor por referenciarem lugares em que estão os participantes do diálogo.

C) O texto traz vocábulos e expressões caracteristicamente regionais: por obséquio; datilógrafa; cavalheiro; Vê se te manca, palhaço.

D) A linguagem utilizada no texto é predominantemente formal, adequada a um diálogo entre desconhecidos.

E) A fala – Aqui não tem nenhum Valdemar., reescrita na modalidade escrita padrão, fica: Nesse escritório, não tem Valdemar.

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