domingo, 8 de julho de 2012

O anão e o príncipe



Texto II, para responder a questão 1

O anão e o príncipe 


Aproveitei os feriados da semana passada para curtir algumas releituras que há muito vinha adiando. Não chegou a ser um fato heroico em minha biografia: choveu nesses dias dedicados a Tiradentes e à Consciência Negra. 

Com chuva, o Rio é uma cidade como outra qualquer: não se tem muita coisa a fazer. O melhor mesmo é aproveitar o tempo ― que de repente fica enorme e custa a passar ― em revisitar os primeiros deslumbramentos, buscando no passado um aumento de pressão nas caldeiras fatigadas que poderão me levar adiante ― embora isso não me adiante muito. 

De qualquer forma, é uma força que se busca e que não depende da generosidade de ninguém. Tranquei-me no escritório, desliguei computador, telefone e campainha e reli, ao todo, de uma só tirada, quatro livros que há muito me prometera reler todos os anos. 

Leituras antigas, de um tempo em que estava longe a ideia de um dia escrever um livro. Bem verdade que, às vezes, vinha a tentação de botar para fora alguma coisa, sem confessar isso a ninguém, eu me julgava um projeto de escritor, mas sem fanatismo, e desde que não precisasse botar os bofes para fora. 

Carlos Heitor Cony. 


QUESTÃO 1

Considerando o texto II, julgue os itens a seguir, assinalando (V) para os verdadeiros e (F) para os falsos. 

0.( ) As palavras “heroico” (linha 3) e “ideia” (linha 18), de acordo com a nova reforma ortográfica, não estão grafadas corretamente, pois não apresentam o acento agudo. 

1.( ) A expressão conotativa “desde que não precisasse botar os bofes para fora” (linhas 21 e 22 ) significa que o autor tinha como projeto ser um escritor, mas não gostaria de se cansar demais trabalhando. 

2.( ) O texto de Cony é literário porque apresenta a função poética como predominante e o foco narrativo em terceira pessoa, tendo o próprio narrador como personagem principal. 

3.( ) As expressões “releituras” (linha 2), “revisitar” (linha 8), “buscando no passado” (linha 9) e “Leituras antigas” (linha 17) deixam claro que os quatro livros que o narrador pretende ler já foram obras lidas por ele no passado. 

4.( ) A conclusão a que chega o narrador é que não se deve peregrinar através da narrativa e nem se defrontar com o passado.

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